INSENSATEZ
A insensatez é uma loucura dançante
Lânguida, afeita à luxúria como amante
Escorre do ventre pelas coxas, fluída
Risca o chão, sapateando com força
E delicadeza, apaixonada e contida
Sendo justa medida da desmedida
Fúria branda de todos que amam
Todos que dançam e que rodam
Numa ciranda incessante, infante
Quadris que requebram indecentes
Manifestando o corpo o pecado
Que sem querer sua natura pede
A beleza do agir inconsequente
Correr sem ter rumo, só em frente
É uma dança sem coreografia
Onde cada movimento em desvio
Se faz mais acertado que o passo
Coreografado e ensaiado
Pois o improviso é o acerto
Que vem sem ser corrigido
E não pede nenhum só aviso
Pois quem dança no peito
Ti-bum, ti-bum, ti-bum-bum
É maestro desregrado, louco
Que nunca estará preparado