Quid tempus
Aqui entregue ao tempo,
Vejo o passado que já foi presente
E sorrio com um futuro ausente,
Do tempo que eu não tinha documento.
Ah, tempo! Como és sórdido.
Nos fazes chantagens baratas,
Teus escravos somos de passadas
Breves, como um animal ferido.
Escrever pra te fazer passar,
Não quero te ver, pois, já tens
A aparência que eu jamais querei ter,
Mesmo querendo viver mais tempo que possas me dar.
Que loucura olhar o relógio,
E me ver preso em ponteiros.
Livre nasci sem ter hora certa,
Onde certa hora terei que partir.
Não me venhas com folgas,
Com um segundo a mais ou a menos
De vida que já não esteja escrito
No livro ao qual nos destinemos.