Poncovô
Vivo de favor.
Como por favor.
Bebo com favor.
Me nego sem favor.
Nada é meu
nem mais me pertence.
Apenas tenho meu corpo nu
e um amor que resplandece.
Sigo em frente.
Saio à frente.
Enfrento de frente.
Empurro para frente.
Muito ainda há
a cumprir nessa longa vida.
Caminho todo dia
e encontrei minha guarida.
Já me senti injustiçado.
Já aceitei minhas opções.
Já caí e - sem resguardo -
já me ergui nas emoções.
O amor mais uma vez
salva esse ser errante.
Crio raiz sem terra
para não ruir distante.
Brasília, 30 de abril de 2019.