As verdades.

Eis-me aqui outra vez

Permanece uma pergunta

E esta vida, o que me custa?

A resposta imprecisa

Nem vasta, nem concisa e nem bonita

Basta ser aquela

Que o coração queira ouvir

Quando a alma acredita

Será bela eternamente

Verdades são mais profundas

O mundo anda meio sem tempo

Sem crédito e nem provas

E tem sido assim

Desde que o tempo

Descobriu que move o mundo

E nenhuma nova luz brilhou

E o céu se abriu

Para a nuvem que passou bem perto

Mas, que por não saber que era nuvem

Não choveu

É pra isso que servem os sonhos

Pra sonhar saber

Ilusões, decerto

O que lhes custa a vida

E o tempo de espera gasto

Atroz e nefasto

Não era meu e nem era vosso

Nosso algoz

Sem tempo prescrito

Para exceções ou balões de festa

A velha pedra de moinho, desgastada

Pelo bico de um pequeno passarinho

Nobre viajante do tempo

Rico andarilho do espaço

Há somente os excessos

O atraso se apressa

Há a ferrugem que se expressa

Em corroer estradas

e os trilhos do expresso de 2002

A solidão do pobre rei

Sem direito a admirar

A ninguém que não seja rei.

São cobranças da vida

Que a gente ignora, ocupados

Contando as horas

Sem tempo pro abraço indolente

A velha idade

Cidades inteiras felizes

Pois nada muda

Deslizes de terra e conduta

Tudo de acordo com os planos

Verdades são mais profundas

Pra que sabê--las, se em nada ajuda?

E assim passaram-se os anos

Na vida, medida justa

Tanto faz o que não nos custa

Só nos basta esquecer

É pra isso que existe o tempo

Que a tudo ajusta.

Edson Ricardo Paiva.