Sempre nessa hora
Agora, aqui
Deitada em minha cama, penso
Olho para o céu com poucas estrelas
E o prédio, à frente, que arranha em altura
As nuvens preenchendo o breu
Ou a escuridão invadindo as nuvens
Estas condensadas que se deslocam sem rumo
E que, talvez, seja isso mesmo
Perspectivas em sua sina - fascina
Subitamente, penso na muda
E em como ela floresce em silêncio
No entre risos que secam a gota com sossego
Cresce em beleza e sem berros
Sabe a quem se revelar, ou a ninguém
Ela vai sempre além
Vive a singularidade em estação
Pertencente, breve e fugaz
Desse mundo, ela é capaz
Dou-me conta da história longa que sou
As linhas formadas no canto dos pretos olhos
Mostram o tempo que passa
Veloz e nomeando momentos
Olho, novamente, para o céu e cogito
Com vontade e com destreza
Quem me dera poder um dia
Ser a pequena estrela que brilha
Diante de um vasto universo perdido e afoito