PAISAGEM DE OUTONO

A mulher cabisbaixa que passa...
A fumaça que sai dos motores,
O ancião no banco da praça,
Ruminando os seus dissabores.

A sombra da andorinha que voa...
A criança que pede um trocado,
O andarilho que gesticula, entoa,
A canção do alucinado.

O cão no passeio à espera,
Das migalhas gentilmente lançadas,
A flor que resiste, prospera...
Entre a rachadura da calçada.

O (in)comum das coisas - a poesia
Melancólica que paira no ar,
As rasuras, os (des)amores - a filosofia,
Até quando a alma proletária irá suportar?

O coração que compassa esperançado,
Desejo de romper o medo que o envolveu,
O olhar no horizonte; ainda que nublado,
               ...Esse projetado olhar - é o meu.
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 HLuna
DESESPERANÇA

Olho a estrada à frente,
esperanças, já, perdidas,
sei que fui inconsequente,
desperdicei minha vida.

Agora me sinto alquebrado,
tenho o coração cansado:
sou alma arrependida.

Nada mais me interessa
e, sequer, eu tenho pressa.

Não ganhei esta corrida.