OLHANDO PELA JANELA
A chuva cai lá fora
Pela janela escorre
Molhando a rua em frente
Como se minha alma chorasse
A dor contida dentro de mim
E escorresse para fora meus sentimentos
Sempre vistos por trás do meu sorriso...
À medida que cai
Correndo calçada afora
Pingando aqui e acolá
Se misturando a minha solidão
Descrevendo do meu íntimo
Um corredor molhado
De todas as lágrimas que chorei
Pondo do avesso
Um lugar reservado
Onde habitei em secreto
Meu lúgubre
Onde outrora refugiei minha dor
De tantas algures do passado...
Em alguma parte, me guardei
Entre páginas abertas
Deixei escapar folhas em branco
Que nunca escrevi
Por medo de machucar
O mesmo lugar outra vez...
E repetir na chuva lá fora
Molhando as paredes úmidas de outrora
A mesma sina de infortúnios
Dantes marcada em meu destino...
Da tempestade eu me abrigo
Olhando pela janela...
Regilene Rodrigues Neves
Em 08/04/2019