QUEM DERA, QUEM DERA, QUEM DERA...

Quem dera

não houvesse a fera

no coração dos homens,

dos tristes, dos ousados,

dos quebrantados,

dos que empunham fuzis,

quem dera não chorasse um

enquanto o outro ri...

Quem dera

me acordasse a primavera

e fosse uma só a estação

a reinar sobre cada cabeça,

não houvesse a opulência,

a ausência em tantas mesas,

quem dera, quem dera, quem dera...

Quem dera pudéssemos conversar

sem parir a morte de quem quer que seja,

ouvíssemos o gargalhar dos anjos

que renunciam ao ócio e labutam

com seus desejos de bondade,

criássemos a ponte

entre os mundos que separaram

e de novo fôssemos a junção

entre quem ama e quem não...

Quem dera, quem dera, quem dera...