POÉTICA AGORA
O poeta político
escreve grito
em vez de canção,
surrado que foi
em barreado chão,
como um velho boi...
O poeta amoroso
escreve gozo
em vez de conquista,
amado em desterro
por donzelas bem vistas,
como um doce bezerro...
O poeta da selva
se deita na relva,
mia, urra, mastiga
o pólen da criação,
se mete em brigas
que se meteu seu coração,
selvagem, inventa versos
como alguém que inventa nação...
O poeta de agora
viaja sem hora
marcada dentro da via cibernética,
esquece o grafite e o lápis apontado,
o poeta de agora busca outra ética,
além do pecaminoso e do sagrado...