O sol, a orla e a poesia
O sol vem surgindo no horizonte...
Minhas pálpebras escuras são molhadas,
Lágrimas ocultam marcas da insônia.
Perco-me em lembranças de noites passadas,
Rabiscando eu choro – atitude errônea.
Abutres passeiam em passos lentos,
De vez em quando com suas asas bailam.
Tento fugir dos meus lamentos,
Os abutres têm asas – voam, não falham.
Sob meus pés a areia não é branca,
Sobre a areia meus pés não são fortes.
No meu rosto o pranto não estanca,
Onde andará a felicidade, o óbvio, a sorte?
O sol vem surgindo no horizonte...
Minhas pálpebras sombrias são iluminadas,
Raios solares revelam meu passado, meu presente.
Dúvidas e derrotas não foram evitadas,
E agora esse meu pranto é insistente.
Atletas articulam os ossos em largos passos,
Sem asas eles não conseguem voar.
Xingo meu corpo estático e membros devassos,
Os atletas com pernas elásticas podem alcançar.
Porém, a caneta entre meus dedos magros
Passeia, pula, voa e baila no papel.
De súbito uma nova poesia eu consagro;
Seja dócil, tolerante, imparcial ou cruel.
O sol já surgiu no horizonte...