SONHO DE VOAR

E me deito de face colada à terra,

espero o nascimento de minhas asas,

e quanto mais espero mais vejo

o caminho de tantos caminhos,

rastros de insetos em labuta,

o da uva ao vinho,

o do ave em luta...

E quanto mais espero mais sinto

meu voo para dentro das coisas,

e subo escarpas de árvores

como uma centopeia faminta,

salto como um símio feliz,

alcanço o topo das sensações

quando miro o sol e ele me vê,

(já sem forma para os formais),

e minh’alma então crê

que saltar ou voar

já está dentro à espera,

minhas asas se desgrudam do meu dorso

e então voo como Phoenix abençoada

em meio a gotas de orvalhos,

no colo da madrugada...