QUEM OUSA AMOR

Apanho, que se perderam do sol, restos de luz;

teço a coroa e em tua cabeça pouso:

tentado a morrer de amor teu sorriso me seduz,

eleva-me ao querer: por ti viver ouso...

Quanto de mim gastei em cabarés gastronômicos,

festas regadas à perda dos sentidos mais práticos,

os sons que se foram em supostos voos atômicos,

deleite derramado em transbordo em combates tácitos...

A manhã nasce e recolhe meus restos desfalecidos,

toca minh’alma girinos solares e línguas aéreas,

sinto-me doce estragado visto por detrás do vidro...

Só tua franqueza amorosa pode me pôr à salvo

livrando-me de vãs sensações deletérias;

recobro-me desse torpor e do amor me torno alvo...