O Genitor
Vejo você genitor,
te vejo em mim vagamente,
no formato de minha face?
Mas nem pelo tempo,
conseguiste existir,
o teu nome assinaste,
apenas em meu sangue.
Pelo tempo,
esqueceu de se doar,
pois já cresci,
e não vejo em mim o teu suar.
Distante tu respira,
com sua vida ganha,
um tanto perdida,
mas daqui sinto o cheiro,
tão familiar de pouco caso,
o sentimento de descuido,
impregnado em minha figura,
tornando-se recíproco,
tal verdade que tanto encova,
pela sua hipocrisia.
Hoje,
neste dia exato,
completa-se um ano,
sem que tenha entre nós,
algum contato.
Mas pela tamanha ausência,
só restou-me reconhecer,
somente assim eu seria eu mesma,
apenas foi para ser.
Sim,
já me causaste muita dor,
cuja dor foi-se sarando,
pelos anos que foram me moldando,
logo fui aprendendo,
enxergando,
para um tipo mais forte de ser,
pelo simples amadurecer.
Como fruta amadurecida,
honestamente meu caro genitor,
aprendi a lidar com um gosto de ironia,
e deixei de remoer o nosso passado,
passado inexistente.
06/12/2018