PAI E FILHO
Filho,
A vida assemelha-se ao mar
Ele segue um curso impreciso
Acorda calmo e agita-se ao entardecer... e segue obediente
O seu destino?
De ser oceano
Cede espaço, retorna quando invadido, recua
E vai brincando de se molhar
Disciplinado, segue em círculo, caudaloso, agride-se
E passa calmo, obedecendo à sua natureza de se expressar
Jorra espuma refrescante
No rosto das crianças
E de forma traiçoeira, agita-se sem avisos, fere e maltrata
Indiferente, arrasta, seguindo sua natureza imponente.
Silencia sem remorso, sem consciência,
Deixando cicatrizes profundas nos rochedos
Para falar da sua infância,
A relação de criador e criatura...
Escreve na areia e permite que o vento apague as mágoas
Quando a maré alta recebe
A visita da lua cheia
Este é o ciclo
Da liquidez dos atos.
Dias, meses, anos...
A vida é assim
Pai e filho
Filho,
A vida assemelha-se ao mar