Jeito de viver
Viver é um entusiasmo instantâneo
Tem dia que se devora nua e crua,
Como se fosse o último suspiro daquele dia
Bebendo todo o mel, que ali existia
Tem dia que se saboreia em conta gotas,
Lambe os lábios, numa complexa harmonia
Como quem abraça a eternidade.
E faz da vida uma fantasia
Tem dia que passa despercebida,
Alheia, como se fosse infinita
Viver ao acaso, já é perigoso
Quem dirá, ser ousado
Tem dia que é como uma bebida amarga
Se bebe, se contagia
Se acostuma com a acidez
E quando ver, vira freguês
Tem dia que viver é um colapso nervoso
É um bater de coração fora do lugar,
Sem manual de instrução
Nunca sabe onde vai dar
Tem dia que é um trocar de pernas,
Um perder-se nos caminhos,
Viver é essa estranha mania
De não saber onde está indo
Tem dia que é dançar um samba
E aprender a desfilar na poesia
Onde a vida bem ou mal
Tem dor, mas tem carnaval