Becos do Prenda
Cada beco é uma via cinzenta
Que pinta o nosso itinerário
Com uma frequência infalível
Sem se esperar o contrário
Nesta estrada sinuosa da vida
Existem sempre cantos preenchidos dum enorme vazio
Por aqui as entradas não têm saída
E mesmo que te esgueires a trepar os tectos não vês o rio
É imaginária a sobrevivência
Só há respiração paredal
Que extrai o odor da panela que nada cozinha na casa ao lado
E o ar por aqui é mortal
Os ouvidos acolhem a algazarra do silêncio
Tranquilidade que é impossível cobrar
É aqui onde se fortifica a coragem
Via que humedece o sol que teme brilhar.