POESIA CONSENTIDA

Sabias-te artesão

quando escreveste,

com tua mão,

o poema sem face

a quem nasce

neste século

cibernético...

Sabias-te perscrutador

quando desenhaste,

com teu coração de sonhador,

as máquinas pensantes do futuro,

o mesmo homem a espiar por sobre o muro

o bosque de fantasias imorredouras,

a mão a cortar o papel

para o papagaio de alma voadora,

as vestes das nuvens que caem

sobre a cidade desaparecida...

Sabias-te ente de confins

quando chegaram a mim

as poesias desfalecidas,

poentes de sóis regulares

que transmitem à vida

o vapor barato

que roça o mato

em poesia consentida...