A LUCIDEZ DE CADA DIA
O pão serve à boca
como serve à alma a louca
expressão dos sentidos revelados...
O chão explica ao salto
o quanto o acima é alto
a quem deseja ser alçado...
O medo consente à coragem
servi-lo nessa doida viagem
entre o perdão e o pecado...
A voz serve à fala depois que se cala
a ala dos verbos desajustados na sala
de espera do Paraíso de portões fechados...
A poesia se espreme entre a dúvida
e a certeza e deixa cair a lágrima úmida
que se torna verso lúcido e sacrificado...
O homem entra sem saber como sair
de onde entrou e sai sem saber fugir
de onde nunca deveria ter entrado...