Desvencilhar

Sentada à beira do caminho

Prendendo-me por pensar

Abrindo-me os olhos no que sigo

Vivendo no abstrato sem concretizar

Em mim nada subsiste

Buscando idealizar

O sonho que persiste

Vejo em outrem o realizar

E em me acomodar vejo tudo passar

Vejo árvore crescer, fruto florescer

Muitos fracos caem e se corroem

Alguns andam e outros correm

E com mais pressa corre o tempo

A quantos tão isento a perceber?

Quando se torna notável instiga-se a doer

Vai-se aquele que não pode voltar mais

Mesmo que corra atrás

A observar-se, a vida, é efêmera demais

Mas enquanto houver sol

Chance haverá, devo ir antes, porque escurecerá

Busco desvencilhar do que outrora me permitira ser

Desconectar e desvanecer

Levanto e caminho

Tomo assento em outro lugar

Na liberdade prossigo

Deixando esse aprisionar

A questionar-se viver ao léu

Teus passos eu sigo em direção ao céu.

Mari Magalhães
Enviado por Mari Magalhães em 12/02/2019
Reeditado em 26/08/2022
Código do texto: T6573289
Classificação de conteúdo: seguro