Desvencilhar
Sentada à beira do caminho
Prendendo-me por pensar
Abrindo-me os olhos no que sigo
Vivendo no abstrato sem concretizar
Em mim nada subsiste
Buscando idealizar
O sonho que persiste
Vejo em outrem o realizar
E em me acomodar vejo tudo passar
Vejo árvore crescer, fruto florescer
Muitos fracos caem e se corroem
Alguns andam e outros correm
E com mais pressa corre o tempo
A quantos tão isento a perceber?
Quando se torna notável instiga-se a doer
Vai-se aquele que não pode voltar mais
Mesmo que corra atrás
A observar-se, a vida, é efêmera demais
Mas enquanto houver sol
Chance haverá, devo ir antes, porque escurecerá
Busco desvencilhar do que outrora me permitira ser
Desconectar e desvanecer
Levanto e caminho
Tomo assento em outro lugar
Na liberdade prossigo
Deixando esse aprisionar
A questionar-se viver ao léu
Teus passos eu sigo em direção ao céu.