Visita com amor e medo
Não sou triste,
antes desértico de alegria
porque perseguem-me choros estranhos
desejos medonhos.
A voz entupida por raro silêncio
descompondo estradas,
cortando pernas,
fechando os olhos.
Decifro seu desejo e abro os braços em meu melhor abraço.
Dou-lhe um beijo doce, demorado, apertado.
Espero pelo risco de suas pegadas,
beijo-a antes mesmo de sua chegada,
quase não a deixo sair.
Caímos sobre a cama cúmplice de sabores
e como se não houvesse quaisquer dores,
dou-lhe mais tantos abraços.
Seus lábios avermelhados suspiram...
é hora de ir-se, o medo aumenta,
o perigo ronda.
Olho em seus olhos e dou o recado que sai do coração,
estendo-lhe as mãos e digo:
és o meu melhor doce depois dessa farta refeição.
Vai, mas leva contigo meu coração.
Deixe apenas a poesia que te encanta e te traz
aos meus braços, quase todos os dias
Mesmo entre receios e agonias,
mas cheio de amor e de esperança.
Poema inédito (09/02/2019)
Paulino Vergetti