CADERNO DO CÉU

Minh'alma escapa,

viaja entre nuvens chorosas;

é como se no rosto um tapa

me acordasse do precipício, à borda...

Onde esteve um poeta antigo

lá estou, a reviver seu tempo;

me abraça o céu como a um amigo

e me oferece a suavidade do vento...

Todas as coisas um homem é

e todas as coisas nele estão;

saber-se humano da cabeça aos pés

torna-o a parte mais viva da criação...

Veio a este mundo para ser

um poeta, músico, médico, escritor;

o que não sabia passará a saber,

cem gramas de amor tem uma de dor...

Aceitar que és um nauta servirá

para dar ao mundo a parte que lhe devia;

que veio a este mundo para aprender a amar,

quiçá escrever no caderno do céu uma poesia...