Não há mais tempo

Não há mais tempo

para desmascara-se

nem para buscar o bom senso

no aeroporto

Para amar como se não houvesse

o amanhã

para praticar o altruísmo

Eu estava brincando!

O mundo não vai acabar amanhã

É cedo demais

E depois, nossa mais evoluída espécie

nunca aprendeu a respeitar o espaço

de seus semelhantes

Cadê o alto grau de civilidade?

Eu digo: até outro dia!

E os dias morrem a cada dia

Quando não danço

Não vejo o sol

Quando não beijo

não cedo uma luz para ninguém

Quando não voo

nem que seja na imaginação

Quando espero demais

olhando pro horizonte

Lembro-me com ternura

de quando brinquei até cair e me ralar

com as crianças

Também caí na real

de que sempre há tempo pra viver...

Senão, não estaríamos aqui.

Gracy Morais

Primavera/2018- SP