A FORMIGA É ALHEIA

Um dia a formiga não precisou pensar

tudo estava em seu lugar.

O mundo se encaixara,

as paredes eram extensas

e o formigueiro a obra perfeita

se ajustara a todas

cada casta possuía sua tarefa.

Hoje uma formiga não precisa pensar,

mas de vez em quando...

ela pode parar

e passar às outras

o feromônio de algo como:

“Estamos aqui!”

Mensagem rápida

na trilha de comida.

Hoje uma formiga já formiga,

não precisa pensar,

apenas casualmente,

(pois formigas são obreiras,

a rainha é obreira,

títulos não existem),

qualquer operária transmite

uma satisfação como dizer:

“Agora pra frente!”

Alguma outra formiga receberá a ideia

sentirá por instantes,

a felicidade alheia

e decerto abaixará as antenas

para não interromper a tarefa

(Nada se interromperá,

foi acertado no período Cretáceo,

em um consenso de carapaças).

Uma formiga não precisa pensar,

por motivos longe da sua evolução,

talvez levante a cabeça,

em um segundo de ócio

e surgirá algo como:

“Sou igual a formiga à frente

a formiga no meu calcanhar é igual a mim.

Vivemos em um período dócil”.

Uma formiga não precisa pensar,

apenas ocasionalmente

quando se reproduzem,

a rainha à vista,

do chão todas percebem:

“Os machos voam!

Como é lindo! Como é lindo!

Mas tudo bem... tudo bem...”

A formiga jamais entende o porquê dos machos.

“Por que somente eles parecem morrer?”

DO LIVRO:"NOVA MECÂNICA"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 27/01/2019
Reeditado em 03/05/2024
Código do texto: T6560378
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