A TEMPESTADE SABIA

Sentiu a tempestade...

Ouviu o vento uivar

Derrubou as garrafas

Atraiu a atenção da garçonete no bar

Desdenhou...

Calado!

Viu o relâmpago riscar o céu

Negrume com um Deus...um Deus da morte...

Distante o trovão respondeu!

Ergueu copo,bebeu mais

Era vinho...

Nenhum brinde

Só beber

Viu a chuva começar sem surpresa

Lavando as velhas janelas cobertas do pó da rua

Pessoas apressadas fugindo da chuva...

Apenas mais uma fuga em suas vidas

Muita gente indo a lugar nenhum

Pediu outra garrafa com um gesto pueril

Foi atendido com presteza

Não agradeceu

Não sorriu...

Bebeu,bebia,beberia...eis tudo

A tempestade o alcançou em meio a tarde

A tempestade o pegou ainda a mesa

A tempestade o cercou naquele bar...

A tempestade sabia

Ou ele sabia?

Não pensou a respeito

Ergueu o copo...bebeu.

La fora nada mais como antes

Bebia...sabia...aceitava

La fora sua vida revolvia ,estrondava e escorria

Fitava a rua pela janela

Observado pelo olhar complacente da garçonete

Ignorado pelo resto do bar...

Fazia hora...matava tempo...

A tempestade aguardava por ele.