A DESCONSTRUÇÃO

Ordenei-me no caos.

Quis edificar

a ampla estrutura de ser

no loteado planalto humano.

Parti do minuto areia

e aceitei os dias

como pedras pulverizadas.

O ESQUECIMENTO FOI ALICERCE.

Admiti a resina dos povos.

(Todos povos possuem resinas).

Aceitei os homens

e seus desatinos quando em massa reunida

e suportaria o aglomerado,

caso ele não fosse impactado sobre mim.

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Levantei paredes apenas de barro cozido

porque pensei essa é minha consistência

e é um tipo de lama

que me reciclará através do tempo.

Mas terminei a obra. Vistoriei.

A edificação nunca será a maior residência

de uma rua com nome de Barão.

Ah, percebo agora,

a verdade é uma gruta,

eu sempre fui gruta e essa é minha poesia.

Um oco escavado.

um vão úmido maior que todos os projetos

e milhares de possibilidades me cercam.

Uma estalactite coteja,

vocábulos construtores em meu ouvido.

Do livro "Borboletas noturnas não existem" - não publicado

phcfontenelle@gmail.com

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 18/01/2019
Reeditado em 20/11/2019
Código do texto: T6553673
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