QUARENTA E SEIS ANOS E UMAS RUGAS

Quarenta e seis anos e umas rugas

No canto dos olhos: sinais de sapiência?

Desencontros, desencantos, ruínas e rusgas

Muito testaram minha pobre inocência.

Tudo aquilo que esgota, que enxuga,

Tudo o que acaba com minha paciência

Não rouba, não perverte, não suga

A força de vontade de minha insistência.

Nem sempre quem cedo madruga

Fica ileso dos azares da vã existência

Aparento calma, mas não se iluda:

Mora um turbilhão sob a pacata aparência.

Quarenta e seis anos e algumas rugas

Que são marcas sulcadas na minha experiência.