PLENO DESABROCHAR

Num canteiro amarelado de flores,

Cheiro-as até convulsionar-me...

Nasce e morre em mim

Um olfato bastardo, sem brilho.

Lânguido, tropeço em mim mesmo

E uma chama de sono me entorpece...

Desperto. Zonzo e de sangue gélido,

Enxergo a atmosfera em derredor

Diante de um calor intenso

E de um aroma primaveril em brasa.

A noite se avizinha.

As mãos ainda frias, as pernas trôpegas,

Mas o pensamento inteiro à disposição

Das ideias que rolam no cérebro,

A esta altura arenoso e movediço.

Nas estrelas que cintilam desconfiadas,

Um ópio ardente me faz gritar em silêncio

E, na madrugada, percebo que o orvalho

Pisca como vaga-lumes

Anunciando que a noite perece

E um novo dia desponta no horizonte.

As flores, outrora amarelas,

Estão metamorfoseadas de esperanças!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 12/01/2019
Código do texto: T6548960
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