A Morte da Morte.

Chegou sem aviso,

Com uma foice em mãos.

“Espere um pouco velha senhora”,

Se pôs a pensar então...

“Tem certeza que chegou minha hora? ”

Claro,

Não trabalho em vão.

“Mas ainda sou jovem e saudável,

Talvez tenha se enganado então”.

Não erro bom amigo,

Sua hora chegou,

E levar sua alma eu vou.

“Misericórdia! Tantas coisas que estão a fazer,

Quem as faz agora? ”

“Mas vamos lá, se veio para me levar,

Vê se pode ao menos ajudar”

“Cuido de uma tia idosa,

Peço, por gentileza, que a visite aos finais de semana.

Moro com filhos, esposa e sogra,

Quero que em minha ausência nada lhes falte,

E desejo que escute minha sogra.

Meu trabalho irá ficar desprovido de um funcionário,

Necessito que me substitua até outro arrumarem,

E o salário que ganho, faça as compras de casa...”

Desculpe interromper, mas quanto ganhas?

“Dois salários mínimos, há contas do dia a dia, compras e passeio com as crianças.

Console meus amigos, pela minha partida.

Alguns irão precisar de você para que lhes ajude na hora do aperto. ”

“Seja solicito. ”

“Visite meus pais, pois irão sentir minha partida. “

“Administre o ímpeto de meus desafetos,

Para minha partida ser calma,

Sofrei com a distância,

Não quero sofrer por negatividade. ”

“O dia a dia te dirá melhor o que deves fazer,

Peço que faças isso por mim, pois terá o trabalho de me levar para longe”

Tantas coisas mal resolvidas,

Batalhas criadas e não vencidas,

Várias coisas a fazer,

Dinheiro curto,

Que como mágica,

Faz crescer.

Só de ouvir, sentiu condolência,

Como fazer tudo que me pede?

Não é vida, é sobrevivência.

A morte o deixou falando sozinho,

Desapareceu,

Passou a foice em seu próprio pescoço e sumiu.

Dó? Compaixão? Misericórdia?

Ninguém saberá,

A morte da morte,

Para o mortal,

Apesar da luta,

Sentiu um gostinho de vitória.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 26/12/2018
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