Esqueci
Há quem diga: Que tristeza! Como é a natureza...
Na juventude a beleza, na maturidade a certeza de que vale a pena lutar e construir.
Mas na velhice se constata,
se a vida foi boa ou ingrata,
se está ou não com a vida feita,
É a hora da colheita!
Mas para alguns não é questão de escolha ou merecimento,
uma doença triste rouba o pensamento,
E fica a mercê de quem cuida ou do momento,
em que se lembra quem é,
mostra sua capacidade de fazer suas escolhas, nem que seja por um pouco de tempo.
Mas se a vida é ingrata,
Eu não culpo a natureza,
Que por ser humana tem a beleza,
De me fazer compreender.
Ela não lembra dos seus filhos,
Mas diz "Deus abençoe",
Dos netos também não lembra,
Mas não há nada que magoe,
Que não seja curado com seus beijos e abraços.
Ela não faz tudo o que quer,
já não é mais independente,
mas já foi o braço forte que alimentou tanta gente,
filhos, peões e todos aqueles,
que na roça foi trabalhar.
Só se lembra do passado,
E pra casa quer voltar,
E todos voltam com ela
na sua imaginação,
pro seu velho coração não contrariar.
Era mãe e virou filha
com direito a rebeldia
do adolescente que resiste,
da criança que faz birra.
Mesmo com tanta teimosia,
ganha colo, ganha afago, ganha beijos e abraços,
de quem quer ficar ao seu lado por mais um bocado de tempo.