A MESMA POESIA

Um dia o sol se deitará

no berço frio da mais fria noite

e cada olho na escuridão verá

o último decepar da foice...

O cândido cordeiro a passear no campo

e o ávido avaro a recontar migalhas

estarão lado a lado sob o mesmo manto

onde a criação suas miúdas coisas espalha...

Não haverá dor e nem seu narcótico

retemperando a carne que se faz viva

pois não haverá luz ao mais cético ótico

que sem ver tempera sua própria comida...

Num outro ponto do universo

uma antiga humanidade em suas barracas

estará recriando o ponto ômega imerso

na mesma e velha de madeira arca...

Não sem antes reparar seus danos

que obrigaram o homem a viajar noite e dia

uma outra mente estará refazendo os planos

para reescrever a mesma e sempre poesia...