Claudicante
Desponta no horizonte
Na tangência do meu olhar
Um vento frio na fronte
Arauto do que está por chegar
E lá vem um poema claudicante
Resultado da dor em alto relevo
Experimenta sua versão mais lancinante
Mas toxinas fazem esquecer o medo
Sem convite uma picada
Foi desbravando sua floresta
O veneno penetra, artimanha sofisticada
Mas nada vai impedir que continue a festa
A peçonha vem rasgando a razão
O remédio é chupar na mordida
Cuspir poesia no chão
Na luta, a batalha não está perdida
O realismo para exorcizar o prurido
E se nesta arte a felicidade é abstrata
Pelo menos a sensação de dever cumprido
Que da minha alma raspa a craca