A xícara de borboleta.

Hoje eu fiz café

E desfiz a amizade

da saudade que eu sentia

de mim mesmo

Parece a semana passada

Mas faz muito tempo...

Eu sentia um perfume

Que até hoje eu não sei ao certo

A vida não era

Um caminho de estrelas

A vida era o nada

Onde a trilha era delas

Meus pés vão pisando outro chão

Onde o brilho são vagalumes

Hoje eu fiz café só pra mim

Hoje eu vi que tinha

Borboletas coloridas

Bordadas

Na única xícara que não quebrou

A vida ilude

Mas não faz feliz

Acordo outra vez

Agora não sou mais

Um menino de giz

Desenhado num muro

Novamente me vi de pé

Transbordando o café na pia

Acordo de novo

Dessa vez

No mesmo dia

Percebo que nunca mais

Quero estar perdido

O poema de hoje

Ainda nem foi escrito

O dia de ontem

Escurece no esquecimento

Borboleta que pousa na minha mão

Minha única xícara

Linda... e última vida.

Edson Ricardo Paiva.