DESTINO

O dia, cansado da lida,

se vai, torto e cambaio,

debaixo do braço o balaio

de laranjas e tangerinas,

olha ao redor, espia

a noite que traz outra sina...

Se enfia no vão do breu,

desvive o vivido até agora,

sabe que a noite é um museu

que repete as mil e uma auroras...

O silêncio das estrelas canta,

ecoa pelo vale que escurecia,

cobre com palavras, como manta,

o chão da terra coberto de poesias...

O homem, que chora na viola a moda,

repara na lua sozinha, dela sente pena,

sabe que o destino é o único que roda

a vida de cada um e suas melenas...