Urbanizando o eu

Na rua da casa onde crescestes não é possível que encontres apenas um mero endereço de uma residência,

Podes encontrar as lembranças de uma travessa e fabulosa infância,

Podes olhar para cada calçada que correstes reincorporando aquela criança que um dia fostes.

Porque as ruas não são encarregadas apenas por casas, prédios, calçadas e barracos.

Levam cada pessoa que em algum dia da vida tenha aproveitado o simples fato de existir naquela rua e corrido nela incansavelmente,

Tais ruas remetem as pessoas às suas próprias origens.

Não necessitas de todo o luxo do mundo para sentir a plenitude da alma,

É só ir ao final daquela rua e observar a lua brilhando com as luzes acesas das casas, e verás o quanto a existência é na verdade pura por si mesma.

É só olhar aquela casa colorida que irás reviver na memória todas as vezes em que esbanjou sorrisos para aquele amigo que decorou a infância assim como as orquídeas deixam qualquer espaço daquela rua mais bonito.

Aquela rua que conheces é muito mais que chão sendo a base de casas e edifícios com paredes pintadas e rebocadas, muito mais que isso: infância, travessuras, gratidão por cada minuto da vida, amigos, campainhas e uma cadeira de balanço.

Naquela rua, pintastes o enigmático eu.

Poesia urbana atendendo ao pedido de um leitor, muitíssimo obrigada pela sugestão.

Ane Cardoso
Enviado por Ane Cardoso em 11/12/2018
Reeditado em 11/12/2018
Código do texto: T6524545
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