Urbanizando o eu
Na rua da casa onde crescestes não é possível que encontres apenas um mero endereço de uma residência,
Podes encontrar as lembranças de uma travessa e fabulosa infância,
Podes olhar para cada calçada que correstes reincorporando aquela criança que um dia fostes.
Porque as ruas não são encarregadas apenas por casas, prédios, calçadas e barracos.
Levam cada pessoa que em algum dia da vida tenha aproveitado o simples fato de existir naquela rua e corrido nela incansavelmente,
Tais ruas remetem as pessoas às suas próprias origens.
Não necessitas de todo o luxo do mundo para sentir a plenitude da alma,
É só ir ao final daquela rua e observar a lua brilhando com as luzes acesas das casas, e verás o quanto a existência é na verdade pura por si mesma.
É só olhar aquela casa colorida que irás reviver na memória todas as vezes em que esbanjou sorrisos para aquele amigo que decorou a infância assim como as orquídeas deixam qualquer espaço daquela rua mais bonito.
Aquela rua que conheces é muito mais que chão sendo a base de casas e edifícios com paredes pintadas e rebocadas, muito mais que isso: infância, travessuras, gratidão por cada minuto da vida, amigos, campainhas e uma cadeira de balanço.
Naquela rua, pintastes o enigmático eu.
Poesia urbana atendendo ao pedido de um leitor, muitíssimo obrigada pela sugestão.