Questão de aparência.

A maior dificuldade

É o segredo que costura

Pedaço de linho branco

Um falso nó

Que nenhum de nós desata

A palavra esperança escrita

A medida do punho

Um traço que mal se apagou

A maldade que cresce oculta

Um rascunho de abraço

Questão de aparência

A lição de vida

Que o tempo arrastou

A indevida atenção dispensada

Como se fosse

O caso de nunca mais

pensar em nada

Importância

O espinho edifica

A leveza da flor machuca

Pois fere a alma

Qual fera louca

A palavra dita

Se multiplica

Uma a uma

Desencaminha

Um laço de fita

Mera ilusão

Era venda aos olhos

Uma ida ao portão

Mais espera

Outra carta, o correio

A alma que lhe era cara

Um dia foi posta à venda

Assim se deu

A cabeça a quebrar mil vezes

Resposta escondida

O Universo se expande

Um dia uma solução

Que finalmente te procura

O lugar onde eu tentei chegar

Era vazio

Imensamente despovoado

Denso e muito frio.

É questão de aparência

Uma venda aos olhos

Se chove, melhor me molhar

Me molho

O resto de vida

Pra ser vivido amanhã

Pra sempre será perdido.

Edson Ricardo Paiva