Em Liberdade

Em liberdade

Vou até você

Vou ao passado

Vou ao futuro

Vou além...

Em liberdade

Voo rasante sobre o mar

Visito os guetos, as favelas e as sarjetas

Escrevo palavras de amor

Em liberdade

Realizo meus desejos dispersos pelos cantos

Ando sobre as cidades poluídas

Preparo o melhor cozido pela melhor receita

Enterro a espada na barriga dos inimigos do Rei

Em liberdade

Limpo-me das vaidades na clausura do medo

Corro pela avenida acima da velocidade

Adentro aos lares queridos

Molho meus pés nas corredeiras

Ouço as músicas do meu coração

Em liberdade

Choro a falta dos amados

Crio a magia do obeso à magreza esquelética

Ando pelos campos floridos, pelas montanhas azuis

Caminho na noite escondido pelas sombras

E das sombras me escondo do caminho da morte

Em liberdade

Retrato meus amores num presente contemplativo

Deixo a saudade me dominar

E o futuro imaginar

E lamento as faltas e, lamento as sobras.

Em liberdade

Olho as carnificinas e limpo o sangue com minha camisa

Escorro pelas veias o líquido sujo e loucamente entorpeço a própria vida que nunca terei

Em liberdade

Liberto a pátria, a cidadania, a educação, a dignidade e o respeito

Da ignorância, do atraso e das vaidades

Beijo teus lábios e acaricio teus cabelos

Lanço inimigos ao fogo e falsos amigos ao mar

Em liberdade

A minha alegria se contradiz na amargura dos inocentes

Recolho os indigentes à minha casa e lhes ofereço comida

Agasalho o sol, a chuva, o vento e as marés.

Salvo o mundo e me recolho a mim mesmo.

Em liberdade

O meu respiro é à vida.

Como ela é, amada, bondosa, cruel e apaixonante.

Robertson
Enviado por Robertson em 02/12/2018
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