Em Liberdade
Em liberdade
Vou até você
Vou ao passado
Vou ao futuro
Vou além...
Em liberdade
Voo rasante sobre o mar
Visito os guetos, as favelas e as sarjetas
Escrevo palavras de amor
Em liberdade
Realizo meus desejos dispersos pelos cantos
Ando sobre as cidades poluídas
Preparo o melhor cozido pela melhor receita
Enterro a espada na barriga dos inimigos do Rei
Em liberdade
Limpo-me das vaidades na clausura do medo
Corro pela avenida acima da velocidade
Adentro aos lares queridos
Molho meus pés nas corredeiras
Ouço as músicas do meu coração
Em liberdade
Choro a falta dos amados
Crio a magia do obeso à magreza esquelética
Ando pelos campos floridos, pelas montanhas azuis
Caminho na noite escondido pelas sombras
E das sombras me escondo do caminho da morte
Em liberdade
Retrato meus amores num presente contemplativo
Deixo a saudade me dominar
E o futuro imaginar
E lamento as faltas e, lamento as sobras.
Em liberdade
Olho as carnificinas e limpo o sangue com minha camisa
Escorro pelas veias o líquido sujo e loucamente entorpeço a própria vida que nunca terei
Em liberdade
Liberto a pátria, a cidadania, a educação, a dignidade e o respeito
Da ignorância, do atraso e das vaidades
Beijo teus lábios e acaricio teus cabelos
Lanço inimigos ao fogo e falsos amigos ao mar
Em liberdade
A minha alegria se contradiz na amargura dos inocentes
Recolho os indigentes à minha casa e lhes ofereço comida
Agasalho o sol, a chuva, o vento e as marés.
Salvo o mundo e me recolho a mim mesmo.
Em liberdade
O meu respiro é à vida.
Como ela é, amada, bondosa, cruel e apaixonante.