No compassar vou!
O tempo passa, passa, passa...
Já passei por tanta desilusão;
vivo a amargura e a incompreensão
Tempo que passa, por passar...
Hora amo, hora choro... Ora!
Atoa passo, mas sei o fim.
Peço-te, oh anjo serafim;
Olhe meu tempo quando for minha hora.
Melhor foi ir na casa onde a luto;
De que a casa que tem distração.
A festa não permite pensar na fração,
E a morte faz, somos tão diluto...
Tempo que passa! vem a vida;
O tempo passa, e vai mortes.
Mocidades de poucas sortes,
Logo passa, e é minha ida.
Cristo, por que deste pedra a pedro?
Resta para nós grãos de areia,
Mesmo a vida sendo sem pareia.
Vida e morte! Na sé terá adro?
Diga-me Pedro, diga-me meu passar;
Pois quando chegar a perda do fôlego,
Já saberei qual será meu delego.
Enquanto isso levo a vida a compassar...
Tiago Alves