No compassar vou!

O tempo passa, passa, passa...

Já passei por tanta desilusão;

vivo a amargura e a incompreensão

Tempo que passa, por passar...

Hora amo, hora choro... Ora!

Atoa passo, mas sei o fim.

Peço-te, oh anjo serafim;

Olhe meu tempo quando for minha hora.

Melhor foi ir na casa onde a luto;

De que a casa que tem distração.

A festa não permite pensar na fração,

E a morte faz, somos tão diluto...

Tempo que passa! vem a vida;

O tempo passa, e vai mortes.

Mocidades de poucas sortes,

Logo passa, e é minha ida.

Cristo, por que deste pedra a pedro?

Resta para nós grãos de areia,

Mesmo a vida sendo sem pareia.

Vida e morte! Na sé terá adro?

Diga-me Pedro, diga-me meu passar;

Pois quando chegar a perda do fôlego,

Já saberei qual será meu delego.

Enquanto isso levo a vida a compassar...

Tiago Alves

Tiago_Alves
Enviado por Tiago_Alves em 01/12/2018
Reeditado em 06/01/2019
Código do texto: T6516174
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