A Engrenagem

Inebriado pela brisa da manhã,

Levanto e vou!

Caminho sem destino,

Teleguiado pela tela de um celular,

Mal ouço o “bom dia”, que outros insistem em me desejar.

A engrenagem volta a funcionar,

Como no dia anterior,

Já não e mais a tela de antes,

Agora de um computador.

Mesmas coisas, mesmos fatos,

Quando desvio o pensamento,

Vem a pergunta: “Isto é certo ou errado”?

Corpos trilham idas e vindas a sala da chefia,

Dedos a dilacerar o teclado,

Na busca que seu relatório seja entregue antes,

Do seu vizinho ao lado.

Tanta vida escorrendo em prol de uma empresa,

E um dia o patrão diz que um grande corte terá,

Adivinha quem será servido de sobremesa?

Questões veem a cabeça,

“O que fiz dessa vida durante esse tempo”?

Um salário indigno,

Benefícios mínimos,

A família distante,

Seu corpo desgastado,

Já não é jovem como antes.

Nada equilibrado,

Por mais que o lar esteja estabilizado,

Se sente inútil,

Como um verme despejado.

E rastejando por migalhas,

Cai novamente no golpe desenhado.

Arruma outro emprego,

Começa o ciclo novamente,

Te pagam menos,

Exigem mais,

Mas da graças por estar empregado.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 21/11/2018
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