A Engrenagem
Inebriado pela brisa da manhã,
Levanto e vou!
Caminho sem destino,
Teleguiado pela tela de um celular,
Mal ouço o “bom dia”, que outros insistem em me desejar.
A engrenagem volta a funcionar,
Como no dia anterior,
Já não e mais a tela de antes,
Agora de um computador.
Mesmas coisas, mesmos fatos,
Quando desvio o pensamento,
Vem a pergunta: “Isto é certo ou errado”?
Corpos trilham idas e vindas a sala da chefia,
Dedos a dilacerar o teclado,
Na busca que seu relatório seja entregue antes,
Do seu vizinho ao lado.
Tanta vida escorrendo em prol de uma empresa,
E um dia o patrão diz que um grande corte terá,
Adivinha quem será servido de sobremesa?
Questões veem a cabeça,
“O que fiz dessa vida durante esse tempo”?
Um salário indigno,
Benefícios mínimos,
A família distante,
Seu corpo desgastado,
Já não é jovem como antes.
Nada equilibrado,
Por mais que o lar esteja estabilizado,
Se sente inútil,
Como um verme despejado.
E rastejando por migalhas,
Cai novamente no golpe desenhado.
Arruma outro emprego,
Começa o ciclo novamente,
Te pagam menos,
Exigem mais,
Mas da graças por estar empregado.