Mano TAMPA
Oi, e aí?
O trem já passou e eu nem vi. A poeira baixou e eu segui.
A nuvem do pó ficou pelas esquinas e as aguas do norte estão chegando
Maio passou e você nem ligou. Eu também passei, envelheci.
Abri a porteira e parti! Ala puxa, também me fui... Mas, e daí?!
Oi, e ai?
O polaqueiro já se desarranchou, a boiada seguiu pelo estradão
No raiar da manhã vão seguindo, passo lento golpeando o destino
O berrante repica distante um som que vem do coração
Meu cavalo tranqueia o sereno. Tudo bem! É isso ai.
Oi, diz ai
Você partiu sem me avisar. O peso da carga já nem ligo mais.
Apenas fica o gosto da erva, amargando o dia no mate cevado
Ao redor de um fogo de chão vai recolutando por ai,
Algum parente mais próximo que já bagualhou-se da vida
Pede benção por mim.
Oi, e ai?
Hoje levantei e pus-me a matear Solito feito um potro desgarrado
Que se apartou da manada Vagueando pelas invernadas
Me lembrei de ti velho MANO Que desde guri luta e briga
Pelo que realmente somos Um sopro de vida. Mas, e daí?
Oi, e ai?
Meu berranteiro silenciou! Seu berrante vou guardar
Ouço sons longínquos vindos Não sei direito de onde
Talvez do rádio do coração Avisando sua partida
Numa música nostálgica dizendo: Fui.... E daí?