Mano TAMPA

Oi, e aí?

O trem já passou e eu nem vi. A poeira baixou e eu segui.

A nuvem do pó ficou pelas esquinas e as aguas do norte estão chegando

Maio passou e você nem ligou. Eu também passei, envelheci.

Abri a porteira e parti! Ala puxa, também me fui... Mas, e daí?!

Oi, e ai?

O polaqueiro já se desarranchou, a boiada seguiu pelo estradão

No raiar da manhã vão seguindo, passo lento golpeando o destino

O berrante repica distante um som que vem do coração

Meu cavalo tranqueia o sereno. Tudo bem! É isso ai.

Oi, diz ai

Você partiu sem me avisar. O peso da carga já nem ligo mais.

Apenas fica o gosto da erva, amargando o dia no mate cevado

Ao redor de um fogo de chão vai recolutando por ai,

Algum parente mais próximo que já bagualhou-se da vida

Pede benção por mim.

Oi, e ai?

Hoje levantei e pus-me a matear Solito feito um potro desgarrado

Que se apartou da manada Vagueando pelas invernadas

Me lembrei de ti velho MANO Que desde guri luta e briga

Pelo que realmente somos Um sopro de vida. Mas, e daí?

Oi, e ai?

Meu berranteiro silenciou! Seu berrante vou guardar

Ouço sons longínquos vindos Não sei direito de onde

Talvez do rádio do coração Avisando sua partida

Numa música nostálgica dizendo: Fui.... E daí?

Érico Mendonça
Enviado por Érico Mendonça em 20/11/2018
Código do texto: T6507233
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