INEXORÁVEL

Não faço o papel de núncio. Sou anúncio. Todo ânsias, anuncio fragrâncias,

aflorado como jagunço na sina das distâncias - Cacto a cacto, resseco-me ao Sol , pelo céu o pacto ressoa arrebol. Insisto no papel de fragrância desejoso de umidade, ansioso que o odor de flagrado no desejo de minhas instâncias, das quais fiquei vaidoso, precipite-se lado a lado.

Tenho que em meu cangaço

Possa emitir meus ecos

E gritar até o cansaço :

"Sou fato e não mais feto ! "

Toda a caatinga me cala,

Dissipam - se as ordens

De mundo de minha fala :

Há aqueles que acordem .

Força maior me transpõe, de repente vejo - me rio, choro, grito, mas há

vácuo entre todas as ações. Poe motivo de desfastio sigo o fogo fátuo.

Por caminho o cemitério sigo do fim para o início, nada em cada extre -

midade.

Atlas me sustém império

Das qualidades e vícios,

Toda minha iniquidade.

Jamais serei causa

Nesse papel de coisa;

Serei, talvez , a pausa

Na qual se acoita.

Enchi ânforas e ânforas de fundo vazio : Eis o inexorável, cri estar no

píncaro quando o vozerio me fez amável. Erro no erro, como cervo que

pasta na clareira, sirvo mas jamais conservo claro com minha candeia e

não se esqueça de que a essência de meus atos foi a fragrância, não tive

o tato como decência, centrei no odor das mudanças.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 09/11/2018
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