SONETO DESESPERADO
Faça como os amantes abandonados
que seguem rumo à taberna ruidosa,
e ali contam dos amores desesperados
de forma bruta, sangrenta e jocosa...
Faça como quem perdeu sua amada
e devota lágrimas de vidro partido,
noites insones e a boca sem palavras
como se houvera morrer sem ter ido...
Se assim não o fizer, acalme-se e veja
que algo em dúvida torna-se certeza,
nada é para sempre na casa do supor...
Se ainda assim a tristeza pedir pouso,
faça como os poetas que criam o ovo
da serpente que fará de vítima o amor...