COM LICENÇA

O meu calendário

não tem ontens hojes amanhãs,

só dois ponteiros de papel

sem hora marcada,

sem o fundo falso da estrada

que todos caminham

indo para o matadouro...

O meu universo

é o universo que o universo vive,

sou o cosmos cheio de planetas indescobertos,

sou mais certeiro longe do que perto,

venho de algum lugar onde não havia endereço,

era saturno que me balançava no berço

e Júpiter ria escondido

ao ver meu olho de vidro...

Como comecei este poema termino,

sem o tempo por perto,

nem calendários e nem sinos,

sou a minha catedral

onde entram cães de rua

e crianças que riem sem motivo,

sei que sou o bravo guerreiro das minhas batalhas,

amanhã vestirei estes versos com música

e pedirei licença para entrar em seus ouvidos...