Corpo Amordaçado
Desliza pelo corpo o suor dançante,
Que dança palavras do poema mais imoral,
Mais pecador e atraente pelo retrovisor dos seus olhos castanhos,
Fale,
Fale mais alto e escreva sob a pele marcada,
Pela boca machucada em sua piscina de sangue que dá-me prazer,
Grita,
Grita baixo e suave os girassóis,
Os girassóis rebeldes,
Que torturam-se na lua,
Enquanto o destino risca meu poema,
Ao meu corpo a autonomia,
A surra nas tiras de minha marca,
Fale,
Fale comigo uma pequena vez,
E me escreva,
Me escreva com um ponto final,
E não me adore,
E me enrosque,
E traz para mim o luxo da vontade de não querer morrer,
Mesmo a vida sendo uma prostituta doente...