AMOR MADURO

Por tanto fiz tão pouco,

pela razão fiquei louco,

saí do ventre maduro

e procurei o mais escuro

dos breus,

onde moram

tu, ela e o eu...

Por querer saber desaprendi o sabido,

fiz cópia de grafite, rasguei o livro,

moí filosofias com alho e pimenta-do-reino,

comi selvas e bebi cascatas,

só de lembrar, isso é que me mata,

devagar, pelos menos...

Gasto céus e bólides sedosos

que vão adentro do macio espaço,

em meus olhos fiapos de véus vaporosos,

a poesia do fechar das íris num traço...

Por muito menos

revendi as glebas do Éden abandonado,

por menos ainda, em sonhos serenos,

amei o mundo e por ele fui amado...