COMO NUM PEITO UMA ESPADA

Abro o túmulo da verdade

e a mentira ainda está lá...

Corpo errado em enterro trocado,

ninguém chorou tanto

em copioso pranto,

os que disseram a hora certa

fizeram a coisa errada

e enterraram a enxada

no chão duro de pedra,

molestaram os minérios,

incomodaram as ervas...

Na lápide da verdade

escrevem mentiras absolutas,

dizem que ela arde

em fogo de ondas curtas,

que pregou o que não era possível,

misturou fonemas como quem rouba e furta

a mágica do mágico mais incrível,

vendeu seu peixe sem preservar as escamas

e hoje, dizem, cria-te fama e deita-te na cama...

Estive no enterro

e posso dizer-te, nego,

enterraram a coisa errada,

como num peito uma espada...