SAUDADES
Para as saudades portuguesas
tomo um vinho de anos a fio, curtido,
para as saudades indigenamente brasileiras,
a cana curtida em tonel no calor e no frio...
Um fado a rondar minhas noites urbanas,
o gosto salgado do bacalhau a vir à boca,
um samba carregado de ginga, pernas bambas,
a noite de céu estrelado, minh'alma louca...
Para as noites de saudade de agora,
carregadas de esperança e sem motivo,
a bandeira desfraldo, do amor, embora
a tristeza ande ao meu lado, comigo...
Moro onde moram os que riem da ilusão,
moro no país que sonhei para mim, um dia,
moro no batuque do brilhante coração,
na vasta terra de sílabas doces e poesia...
Não me peça que cante auroras boreais,
nem que mude o assovio para parecer um sabiá,
canto o que me vem n'alma, somos tão iguais,
soo riacho que busca incessantemente o mar...