CESTO DE PALAVRAS

Tome.

Pegue o que quiser de mim.

Um pedaço de felicidade,

uma lasca de antiga tristeza,

o poema que não escrevi o último verso,

olhe meus olhos dentro do rio,

estou submerso

ditando as correntes marítimas do meu coração,

tome,

pegue em minha mão,

sinta a força que corre aqui dentro,

escreva absolutas verdades sobre minha doces mentiras,

mas, por favor, não me fira,

já tenho aqui os pergaminhos da pecador,

sei sentir o espinho

e sei colher a flor,

leia minhas poesias em voz alta,

esculpa minha face na nuvem que passa,

faça de mim o que faço com o amor,

o transformo em maior que a dor,

me torne um pássaro em teu céu,

não me dê a taça de fel,

peque o que quiser de mim,

sem que eu esconda nada,

tome,

é seu o meu cesto de palavras...