Por ora
Vivendo e não aprendendo,
Tenho só amor ao amor,
E ele não está amando.
Por ora, envelheço.
Guiei-me à abdicação,
Ao afastamento de tudo
Quanto me afasta
Da privacidade doentia
De estar só sem querer estar só.
Isolo-me e julgo-me a priori incompatível.
Uma vez falhei, entreguei-me
À ilusão de haver alguém mais que eu;
Alguém que caminhasse a vida como eu.
Mas hoje, em dia de fazer anos,
Permaneço só.
Por ora, só envelheço.
Por sorte, tenho meus livros,
Minha poesia e Paul Simon.
Por ora, permanecerei.