De estrofe em estrofe

Tenho medo da angústia

exarcebada da alma;

tenho medo da solidão

perturbadora do coletivo;

tenho medo da tristeza

que corroi o meu ser;

tenho medo da desesperança

jazendo no peito invasiva.

Medo do porvir,

tão inevitável.

Receio de sofrer

por acreditar.

Abster-se de si,

por um momento,

para um novo sonho

realizar.

Respiro sem calma

o sentimento da injustiça

que clamo para amainar

a interna dor.

Tremo os alicerces

pelas incertezas

da vida, da sobrevida

e do amor.

A fortaleza da insensibilidade

mantém as pernas eretas.

A diáspora da simpatia

é o caminho que me resta.

E brado em plenos pulmões

a verdade que me cerca:

Ao mundo que nos acolhe

prepotente,

não se sinta impotente!

Dê-se o direito a sonhar

incoerente;

assuma-se ser imprudente!

Não se perca apenas no

presente!

O futuro, cabe à gente...

Bahia, julho e agosto de 2018.