PRIMEIRA POESIA

Colho o que a vida me dá:

um ou dois voos de passarinho

e uma lambida de mar...

Colhida a rosa

me cuido com o espinho:

o sangue fica em polvorosa

se me firo sozinho...

Apanho o que a vida oferece:

um ou dois muxoxos

e um punhado de preces...

Já de riso aberto sigo

trazendo no peito o acumulado:

uma leve coceira no umbigo

e o ego já está saciado...

Recebo o que a natureza traz:

o brilho no olho da fera

e da pomba branca a paz...

Já que o tempo é sem memória

me lembro que a alma nunca está vazia:

o homem conduz os fatos de sua história

se lembrando de ser como a primeira poesia...